sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Cinderela - depois do fim.

Então. Assim que o “The End” saiu da tela, ela respirou fundo, sorriu doce e beijou o príncipe. Nossa como estava cansada do baile, da fuga, da abóbora, de tudo.
Ainda assim, ela fez a malinha dela para viver no palácio que aquelas irmãs e a madrasta má ninguém merece né?
Foram juntos para o palácio, ela ficou encantada com o piso, o quarto, a roupa de cama, tudo, tudo.
Ele, o principe (será que príncipe nunca tem nome?) pediu aos serviçais que arrumassem a malinha da Cinderela, mas ela ficou envergonhada, porque afinal de contas só tinha uns vestidinhos velhos. O princípe, ao notar o constrangimento de sua amada, mais do que depressa tirou umas notas do bolso (não existia cartão de crédito ainda) e entregou tudo para a linda Cin, como ele já a chamava.
Cin comprou tudo o que queria, voltou para o palácio e, teve uma noite de amor enlouquecedora com o príncipe. Prin, como ela o chamava.
Eles estavam ótimos, até que, na semana seguinte, apareceu no palácio a madrasta, aos prantos, dizendo que estava passando fome no casebre em que vivia, enquanto ela, a enteada má, vivia no luxo, cheia de riquezas. Cinderela ficou muito brava com a Madrasta, mas, antes que mandasse embora, a velha senhora começou a chorar, e a dizer que ela sempre amou a Cinder, e que só precisava de umas poucas moedas emprestada, devolveria assim que pudesse e tal. Cin não aguentou e cedeu. Entregou para a Madrasta um punhado de moedas que pegou do cofre do príncipe, e ela foi embora feliz se fazendo de vítima como sempre fez. Nesse mesmo dia, Prin ligou dizendo que ia chegar mais tarde.
Cin ficou lá, de bobeira pelo palácio, e começou a notar que aquilo estava uma imundice! As empregadas ficavam de papo o dia todo! Cin resolveu chamar todas elas, fez um quadro dizendo o que tinham que limpar, explicou para cada uma que precisavam cuidar melhor do palácio, que ela não gostava de poeira e nem de ver cabelos no banheiro. Uma das empregadas disse que não dava tempo de fazer tudo o que ela queria, afinal de contas o palácio era enorme, não tem condições assim. A moça ficou sem-graça, não sabia como tratar os serviçais e disse que ia ver isso mais tarde, com o príncipe, mas, tentando ser dura, afirmou que assim não não podia ficar.
Já exausta, Cin caiu em seu leito nupcial e só acordou de madrugada com um beijo doce de seu príncipe que chegara tarde, porque tinha muitos afazeres como príncipe do reino.
Mas o dia clareou o Prin já estava de pé, saindo do banho, dizendo que tinha reuniões importantíssimas e que almoçariam com seu pai, o rei. Cin, ainda sonolenta sorriu de alegria. Ah o rei e a rainha... Seus amados sogros!
Ela passou a manhã lavando o cabelo, e, na hora combinada atravessou o palácio até a ponta em quem vivia a rainha. Apesar de ser tudo o mesmo palácio, as distâncias eram enormes! Cin se arrependeu de não ter pedido uma carruagem e chegou com os pés em frangalhos por causa do sapatinho de cristal que usara.
A sogra, sempre muito cordial a cumprimentou, o sogro fez um breve aceno com a cabeça, seu esposo a beijou delicadamente na testa e sentaram-se todos à mesa. Almoçaram em silêncio, o Prin falou alguma coisa de seus negócios e Cin resolveu contar que falara com os empregados, e que eles não limpavam o palácio tão bem quanto deveriam. Ao terminar de contar, a sogra, sorriu e disse de forma muito gentil: Cin querida, a vida de esposa é uma tarefa doce, porém árdua. Você vai precisar ver isso com os empregados! Quando eu comandava todos os sub-palácios, o ambiente estava sempre impecável, lembra meu bem? Ela olhou para o rei, que concordou enquanto chupava a sopa da colher.
Cin ficou sem-graça. O que a sogra quis dizer? Será que ela estava dando uma indireta? Não, imagine. A sogra era uma pessoa muito querida, nunca faria isso.
Terminado o almoço Cin voltou aos seus aposentos e descansou os pés que tinham bolhas por todos os lados.
A noite, quando o marido chegou e a viu deitada, com a roupa do almoço, logo exclamou: Meu bem! Você está deitada desde aquela hora? Não é para menos que o palácio está imundo, você não falou com os empregados não é querida? Antes que ela respondesse, Prin continuou: E esses seus pés? O que é essa casca no calcanhar? Cin escondeu os pés entre as mãos: Nada querido, nada. Me desculpe. Vou pedir que sirvam seu jantar.
Cin ainda estava cansada, os pés latejavam, mas ela pediu o jantar e foi tolerante, enquanto seu marido reclamava do trabalho, dos plebeus, e, quando terminaram, antes de dormir, ele pediu se ela poderia lhe coçar as costas...
Já fazia quase um mês que Cin tinha se tornado uma princesa, e ela era praticamente uma nova mulher. Administrava o palácio com sabedoria, os empregados agora trabalhavam duro, ela mesma lavava algumas das roupas mais delicadas do príncipe, coordenava a cozinha, selecionava as flores e anotava todas as necessidades extraordinárias para checar com o príncipe nos finais de semana. Ele, por sua vez, estava cada dia mais ocupado. O reinado ia de vento em polpa, mas o rei, envelhecendo, passara ao filho muitas de suas atribuições. Ainda assim, eles viviam dias felizes no casamento, Cin fazendo as vontades do marido e Prin sendo doce com ela. O que mais uma princesa poderia querer da vida?


Foi numa manhã de sol, o dia estava brilhando quando Cin saiu de seus aposentos e já foi avisada que a Madrasta estava na porta, a sua espera.
Cinderela respirou fundo e caminhou até a visita que, dessa vez, trazia as filhas a tiracolo.
Oi querida! Disseram as duas... Cin as olhou bem, sorriu meiga e as convidou para uma xícará de chá. As meninas, dessa vez pareciam incrivelmente diferentes. Tomaram chá, contaram da vida, falaram de bolsas e sapatos e trataram a Cin tão bem, que ela quase gostou das irmãs postiças um pouquinho. Se segurou, porque já era uma princisa escolada, mas, no final do chá, deu de presente às visitas alguns de seus vestidos mais bonitos, que estavam novos e ocupavam lugar no armário, já abarrotado de roupas. As meninas agradeceram e, desse dia em diante, começaram a visitar a princesa ao final de cada nova estação... O princípe começou a se incomodar com essa amizade. Dizia sempre que Cin era uma menina ingênua, que não via que era só interesse, e que dinheiro não nascia em árvore para ele sustentar, agora, a vaidade de outras 3 mulheres, ainda mais espertas e necessitadas que sua própria esposa. Cin, sabida, rebatia que não era bem assim, que ele estava sendo egoísta, que tinha todo um palácio para eles e ficava controlando meia-dúzia de vestidos? Isso não tinha sentido. Além disso, a família dele também não era flor que se cheirasse. A rainha, sempre tão bondosa, já tinha tirado de Cin duas das melhores empregadas, de forma que estava difícil contratar outras boas, mas ela se esforçava para agradar a sogra, em nome da boa convivência entre todos. Ele tornava a reclamar e ela perguntava, onde estava o príncipe do início que fazia todas as suas vontades e queria apenas que ela estivesse feliz. O príncipe, quando ouvia essa conversa, ficava furioso e dizia para parar com isso, que ele era o mesmo, a amava, mas ela também podia ser mais tolerante com a família dele, e podia parar de implicar com a roupa que ele deixava jogada pelo quarto, entre outras coisas, afinal de contas enquanto ele trabalhava duro, o dia todo, ela tinha tempo para cuidar da casa e de si própria, muito mais do que ele.
Essas conversas aconteciam regularmente e, nesses dias, ele dormiam brigados, deixavam pra lá, até que um evento ou uma reforma fizesse com que voltassem a se falar normalmente.

Cin estava ficando tão cansada, mas tão cansada que de repente, notou que talvez nem fosse tão feliz assim.
O palácio era lindo, ela mesma era linda, mas estava engordando sem saber porquê. O príncipe era lindíssimo, mas estava voltando tão tarde que mal se viam a noite, de maneira que as gordurinhas extras que ela acumulava na barriga, nem poderiam ser conquência de uma gravidez.
Quando se falavam na hora do almoço, ou no meio do dia, era sempre porque Cin precisava de alguma ação extraordinária no palácio, da qual o Prin sempre reclamava, dizia que não precisava nada, que os negócios não iam bem, os plebeus agora eram sindicalizados, causavam problemas, faziam até passeatas, ele dizia nervoso...
A sogra era definitivamente uma chata e as sua madrasta e meias-irmãs eram as únicas amigas que Cin tinha, apesar de quase ter que vê-las escondido, tamanho o aborrecimento que o príncipe lhe causava cada vez que sabia de suas visitas.
Quando saia para ir as compras, o príncipe agora reclamava dizendo que ela não precisava de mais um sapato e Cin passou a esconder o que comprava e fazer várias manobras elaboradas para que o prin não desse falta do dinheiro. Cin também escondia quando o pé estava com bolhas e, quando Prin começava a apertá-la mais forte, a noite, ela se apressava em dar uma roncadinha para que ele pensasse que ela já estava dormindo.
Um dia, Cin acordou e, quando viu o Prin, o achou bobo, meio bocó mesmo. Aquela roupa toda rococó, a peruca branca. Nada lhe caia bem como antigamente.
Assim, naquela manhã, Cin quando ele a beijou, já na porta do palácio, esse era o primeiro beijo sem amor dos dois e, algo estranho aconteceu. Cin notou uma luz forte, uma faísca nascendo entre a boca dos dois e, de repente, um estrondo! O princípe desaparecerá! Ela ouviu um barulho, olhou para o chão, e lá estava ele, transformado num horroroso sapo, com a coroa de ouro caída ao lado! Antes que Cin desse um grito de horror, o sapo saiu saltitante. Ali, sozinha, paralisada diante do fato, Cin foi se acalmando. Abaixou, pegou a coroa e saiu de lá.
Logo, alguns meses depois, Cin inaugurou a primeira filial da LimPalácios cia limitada. A empresa fez sucesso tercerizando a mão de obra de limpeza de palácios diversos, em um ano, já acumulava 7 dos maiores palácios da região na sua carteira de clientes. Cin se tornou uma executiva de sucesso e foi feliz para sempre. Ah, a coroa? Ela mandou derreter e fez um lindo colar de ouro amarelo...

4 comentários:

Flavinha Roberta disse...

Engraçado...
Parece q eu ja vi tudo issu em tantos casais da vida real (real que naum eh a realeza...sera coincidência????

Amor amor disse...

Qto mais a mulher se moderniza, menos precisa dos homens...

Beijos!!!

Mari Monici disse...

Hum...melhor casar com o sapo..que vc ja esta vendo que é sapo...e melhro tb, pedir que chegue mais cedo de seu brejo...ou entao...rsrs
A vida e suas exigencias!
Beijo

Unknown disse...

A vida daquele Romeu e da tal Julieta se assemelharia a isso se eles tivessem resistido ao veneno...


contos de fadas rules! rs


Bjão!